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quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Aqui jaz um homem
Que gostava de descer a rua
Se equilibrando no meio fio.
Nunca entendeu de Wall Street,
Mas no seu peito tocava uma orquestra de jazz.

quarta-feira, 25 de julho de 2012


quero vomitar meu desespero pelas causadas
meu resto de jantar
a minha dor de nuca,
vomitar tripas e tornozelos fatigados,
o que sobrou de um canhão milenar,
fuzis, granadas e seus abcessos
AMARELOS
uma flor mentirosa
o CAPITAL,
a manhã de rua vazia,
o ronco do caminhão carrancudo
e o TEMPO esse animal de fumaça e engrenagem. 

O céu é um peixe azul de escamas brancas.
Deus vive dentro dele muito ocupado,
Catalogando histórias de amor.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Ruas de sal

As ruas que até ontem eram oito, hoje são sete,
Depois de amanhã redemoinhos de sal varrerão a cidade.
Nada é igual e tudo se parece a duzentos metros do chão,
No interior de construções
A solidão trabalha, nas salas, nos dentes.
As raízes pouco a pouco se desprendem,
Os homens de sol migram,
As habitações se desatam em rachaduras como se quisessem
Pegar o trem mais próximo.
São cães de cimento e abandono.
Enquanto todos dormem
Ruas inteiras empreendem esforços de partir.
Por isso Todas as manhãs é preciso remapear o quarto,
As placas,
A vida
Liquidificada pela noite.

domingo, 6 de novembro de 2011

O homem sÓ
Pelas tantas
Reclama as canções do céu
O estalido dos ossos
A Via Láctea
O cheiro dos cajueiros.
Seus pés apertam.
Ele voa em desespero, tal como um anjo
Baleado.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

poema para nunca se perder



Não se desespere pelas calçadas duras,
Qualquer rua cabe num haicai.
A gente acha que põe fim
Nas coisas
E elas continuam por ai
Zanzando
Até se transformarem em obeliscos,
Pedras de sal.
No fim tudo vira um conto
Dos irmãos Grimm.