Pages

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Ruas de sal

As ruas que até ontem eram oito, hoje são sete,
Depois de amanhã redemoinhos de sal varrerão a cidade.
Nada é igual e tudo se parece a duzentos metros do chão,
No interior de construções
A solidão trabalha, nas salas, nos dentes.
As raízes pouco a pouco se desprendem,
Os homens de sol migram,
As habitações se desatam em rachaduras como se quisessem
Pegar o trem mais próximo.
São cães de cimento e abandono.
Enquanto todos dormem
Ruas inteiras empreendem esforços de partir.
Por isso Todas as manhãs é preciso remapear o quarto,
As placas,
A vida
Liquidificada pela noite.

domingo, 6 de novembro de 2011

O homem sÓ
Pelas tantas
Reclama as canções do céu
O estalido dos ossos
A Via Láctea
O cheiro dos cajueiros.
Seus pés apertam.
Ele voa em desespero, tal como um anjo
Baleado.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

poema para nunca se perder



Não se desespere pelas calçadas duras,
Qualquer rua cabe num haicai.
A gente acha que põe fim
Nas coisas
E elas continuam por ai
Zanzando
Até se transformarem em obeliscos,
Pedras de sal.
No fim tudo vira um conto
Dos irmãos Grimm.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

O vento é redemoinho
de estórias.
Bagunça as peças do tabuleiro,
leva para nunca mais os bilhetes,
os sussurros soltos,
traz folhas e notícias frescas de longe
do outro lado do Atlântico.
Assovia cançonetas.

O problema é que há dois meses
aqui não venta.
Os galhos entediados querem ser passarinhos,
os homens encalorados querem ir para o Polo Norte.
O que o vento anda inventando? 



quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Passar feito um rio
Louco, rouco, torto
escorregarescorregarescorregar
escorregarescorregarescorregar
Virar as pedras, arrancar as árvores,
Inundar cidades, afogar os homens
E no fim ser nuvem leve.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Onde as palavras descansam


Ela é um baú encantado
Cheio de mundos perdidos,
Abriga o vale e todos os rouxinóis daqui.
Eu pouco sei dos seus cadernos
Que seduzem o tempo
E determinam as estações,
Encharcando a terra, dando volume as espigas,
Colorindo a paisagem de cinza conforme seu humor.
Ela levaria linhas e linhas para ser contata
Nesses dias sem fim,
Cheios de labirintos,
Onde as palavras caducam sob mistérios de carne.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Não desejo que teu copo seque
Seu sorriso esmoreça
Ou que vire pântano
Abarrotar minha alma
De seu corpo
Amarrotar seu corpo
Num vice versar
louco     

sábado, 16 de julho de 2011

Doçura é isso mesmo Carlota
Esse negocio que sai saltitante como um monte de pulgas de você,
Pequenas coisas pulantes que fazem rir até chorar.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Corações colados martelam
Como uma canção de Thor
E o brololó
De querer um entrar no outro
Aí depende da medida
De cada alma amolecida.

terça-feira, 10 de maio de 2011

belem, blem

Um pássaro dorminhoco
Não quer ser incomodado,
Só que a beleza do alvoroço
Da passarada
Era maior que minha compaixão,
Maior que Deus.
Passava horas assim,
Armando trincheiras
Cercando as algarobas mais pesadas,
Nutrindo minha alma
Com esses acontecimentos
Simples.

Como era bonito ver os bichinhos
Explodindo na noite
Como uma fruta doce.
Eram duzentos sinos
Tomando o céu da cidadezinha.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Algumas léguas submarinas


Olhe passarinha
Seremos uma escova de dente só...
Mas apresso,
É pouco possível que cruzes esse oceano.
Nessas águas grosseiras
Mora um peixe bom que engole gente,
Detesta o sopro que carrega as coisas,
Cortar o mundo num escamoso
Seria uma aventura e tanto,
Mesmo pra o seu bico duro.
Corre
Vamos organizar a mobilha
Pintar nosso interior
Viver numa casa engraçada,
Esquece o vento.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

“O par de botas”




Se os olhos pesam,
Dispensam cumprimentos, ruas inteiras.
Fotografam paisagens esquecidas,
Não alcançam chapéus,
Chaminés ou copas de árvores.
Aquele par de botas de Van Gogh
É o auto-retrato de uma alma pesada.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011


Logo cedo um passarinho bicudo
Virá cantar,
Anunciado como uma sirene de usina
Que a vida daqui
Traz o compasso acelerado
de esteira enfurecida.
Que custa caro ser homem.



Os meus cobertores, um pra cada noite,
                                                              prepararão minhas manhãs.
.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Das grandes cidades

Embora o engenho de pedra e aço
Emprestasse seu movimento às coisas,   
Ainda que tudo estivesse em oferta
E os maquinistas efetuassem as manobras
E o pão fosse fresco e a greve um sucesso,
 Hoje disseram que lá
Pelas bandas da cidade grande
 Até os assentos da rodoviária velha reclamaram de solidão.